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sexta-feira, julho 14, 2006

La Haine [1995]



Crew
Mathieu Kassovitz - Director / Screenwriter / Editor
Christophe Rossignon - Producer
Gilles Sacuto - Producer
Pierre Aim - Cinematographer
Dominique Dalmasso - Musical Direction/Supervision
Scott Stevenson - Editor

Cast
Vincent Cassel - Vinz
Hubert Kounde
Saïd Taghmaoui - Said
Francois Levantal
Edouard Montoute
Karim Belkhadra
Andrée Damant - Concierge
Vincent Lindon
Benoît Magimel - Benoit
Mathieu Kassovitz - Young Skinhead



Comentário
Maravilhosamente filmado a preto e branco, este La Haine transporta-nos a uma Paris que não encontramos nos charmosos postais nem nas pedantes brochuras turísticas. De facto, a Torre Eiffel o exlibris parisiense, aparece apenas uma vez, para funcionar unicamente como uma referência de uma cidade que não tem lugar para os desesperados e alucinados protagonistas deste filme.

Aquando da sua estreia em 1995 no Festival de Cinema de Cannes, este trabalho de Mathieu Kassovitz, que antoriormente dirigira brilhantemente Cafe au Lait, foi um autêntico murro no estômago da sociedade francesa.

Bebendo claramente as influências de grandes clássicos urbanos como Mean Streets ou Do the right thing, La Haine emerge no entanto como uma obra distinta que não negando estas raízes inspiradoras, acaba no entanto por nos contar uma história universal e livre de âncoras culturais e sociais.

A temática racial, a tensão sócio-económica é nos transmitida "In your face" quase como uma experiência quakeiana, permitindo-nos viver a intensidade de toda a brutalidade presente no dia a dia destes jovens desenquadrados, abandonados e apenas acolhidos maternalmente no seio do Bairro.

Apesar de tudo, Kassovitz não se cinge ao caminho fácil, não se fica pela exposição gratuita da violência, o seu caminho é mais no sentido de nos mostrar as fragilidades dos seus personagens e não a sua idealização.

A furiosa raiva que invade estes jovens é nos fácilmente justificada e até tratada com simpatia, mas estes jovens são confrontados com a responsabilidade dos seus actos e sofrem fria e duramente as suas consequências. A tragédia final com que termina o filme faz com que ninguém escape ileso e intocado.

No fim tudo se resume a uma simples constatação, enquanto permitirmos que o racismo e a repressão social exista na nossa sociedade somos todos os seus responsáveis e as suas vítimas. E Paris provou o amargo desta realidade à bem pouco tempo.

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