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terça-feira, junho 13, 2006

Caché [2006]



Cast
Daniel Auteuil - Georges
Juliette Binoche - Anne
Maurice Bénichou - Majid
Annie Girardot - Georges's Mom
Bernard Le Coq - Georges's Editor-In-Chief
Walid Afkir - Majid's Son
Lester Makedonsky - Pierrot
Daniel Duval - Pierre
Nathalie Richard - Mathilde

Crew
Michael Haneke - Realizador / Argumento




Comentário

Quanto pesa uma vida na tua consciência?

Esta é a pergunta que Haneke nos coloca durante esta amarga viagem ao passado de Georges.

A história parte de um pressuposto muito simples mas ao mesmo tempo angustiante, Georges um tipo famoso com o seu próprio programa de televisão, com uma familia típica, um conjunto de amigos tipo, um filho igual a tantas outras crianças, recebe uma video casssete de vigilância da entrada da sua casa, alguêm montou uma camara e gravou durante duas horas a sua porta. Este evento irá ser o ponto de partida para uma espiral de acontecimentos que irão estilhaçar por completo toda esta normalidade e culminarão com a destruição de Georges.

Este é um daqueles filmes tipicamente françês, é uma casta totalmente diferente das produções anglosaxónicas, de facto esta estirpe de cinema é quase como se funcionasse numa área artística totalmente diferente daquela que nos chega do outro lado do Pacífico.

O ritmo lento, os diálogos cuidados, os personagens densos, a fotografia bruta, a imobilidade propositadamente prolongada dos planos, mas acima de tudo os caminhos sem sentido definido, e este último aspecto é o mais maravilhoso neste filme, são tudo coisas que ensinam aos meninos de Hollywood para não fazerem.

Mas esta película resulta inequivocamente, tudo está na história e na liberdade de a contar que caracteriza este filme.

De facto, somos confrontados com uma história que vai crescendo e onde nunca nos são fornecidas respostas ás interrogações por ela lançadas. 0 filme funciona como uma estrada em que nos vão surgindo saídas que não podemos seguir para ver onde vão dar, Haneke não nos dá essa possibilidade, a estrada tem um rumo definido e é nesse rumo que temos de perseguir, todas as saídas que nos apareceram teremos de ser nós a percorrê-las sozinhos sem ser pela mão da história. Nesses esteiros estamos entregues a nós próprios.

Esta liberdade de viagem é algo a que não estamos habituados e que concerteza causará muitos engulhos á maioria do público, no fim de contas, de que vale abrir a porta da gaiola se o passaro não sabe voar, no entanto, Daniel e Julliete puxam-nos subrepitciamente para a angústia de Georges e Anne para depois nos abandonarem entregues ao nosso destino, forçando-nos a enfrentar essa viagem, quer queiramos quer não.

Há de facto, muitas razões para ver este filme (mise en scene fantástica, actores em plena pujança artística, etc), mas esta para mim é a grande maravilha deste filme, esta liberdade de nos abrirem as portas mas não entrarem conosco.

A unica resposta que vamos ter será para a pergunta:
"Quanto pesa uma vida na nossa consciência?"
Mas essa resposta não nos serve, porque a que teremos é a de Georges. E a nossa? Qual será?

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