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sexta-feira, junho 30, 2006

Gozu [2003]



Cast
Hideki Sone - Minami
Sho Aikawa - Ozaki
Kimika Yoshino - Female Ozaki
Shohei Hino - Nose
Keiko Tomita - Innkeeper
Harumi Sone - Inkeeper's brother
Ryo Ishibashi - Boss

Crew
Takashi Miike - Director
Kana Koido - Producer
Harumi Sone - Producer
Sakichi Sato - Screenwriter
Kazunari Tanaka - Cinematographer
Koji Endo - Composer (Music Score)




Comentário
Que Takashi Miike é um dos mais profíquos criativos que nos chega da Terra do Sol Nascente, já todos nós sabemos.

Que Takashi Miike é um cineasta de extremos, em que se ama incondicionalmente ou se odeia visceralmente a sua obra, já todos nós sabemos.

Que Takashi Miike é detentor de um percurso de obras recheadas de bizarro, macabro, humor negro e sátira social levada a extremos inusitados, já todos nós sabemos.

No entanto, acreditem quando vos digo que esta obra de Miike é uma ode á loucura que surpreende mesmo os mais bem preparados fãs.

A colaboração de Takashi com Sakichi Satô, que já havia produzido o script para o fabuloso "Ichi The Killer", resultou numa bela e demente versão de "Alice no País das Maravilhas".

O filme é de facto algo de extraordinário, e não só ao nível do conceito artístico presente em todas as suas dimensões, com diálogos fortes, um desempenho de actores intocável, uma fotografia cheia de intenção que acerta na mouche; mas também ao nível da temática e da forma como esta é abordada causando ao espectatador uma desconcertante sensação de mau estar e de perca de racionalidade.

O que mais marca nesta viagem á mente de Minami, um louco yakuza brilhantemente representado por Hideki Sone, é a sensação angustiante de que entramos num mundo que ultrapassa o todos os nossos conceitos de sanidade, e isso causa-nos um confortável desconforto.

O leite materno engarrafado, o empregado de mesa morto que usa sutian, o par de gémeos siameses vestidos de mulher, o chefe da máfia com uma colher no anûs para atingir a sua masculinidade, o pretenso doente mental com capacidades mediúnicas, a mulher que aparece inexplicávelmente do homem, a lixeira que produz pele humana para fins indecifráveis; tudo isto são apenas algumas das imagens e dos conceitos com os quais temos de lidar nestas duas horas.

A crescente e insana alegoria ao nascimento, á maternidade e á presença da nossa femininidade não vai deixar ninguém indiferente nesta experiência alucinogénea.

Esta é definitivamente a grande obra de culto numa carreira de culto, é um filme tão lynchiano que o próprio não desdenharia ter criado.

Gozu, traduzido á letra seria "Cabeça de Vaca", e de facto nada mais apropriado para baptizar esta experiência.

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